quinta-feira, 26 de junho de 2014

Prefeito de Umuarama pensa em revitalizar a Praça Arthur Thomas. Novamente?




Notícia boa, exclusiva e em primeira mão para a Coluna ITALO: um assessor da mais alta confiança do prefeito Moacir Silva segredou a este repórter que o chefe do Executivo está pensando em revitalizar mais uma obra na área central de Umuarama. Desta vez, o alvo é a Praça Arthur Thomas, que seria completamente reformada com o objetivo de, além de embelezar aquele logradouro histórico, proporcionar mais conforto e opções de lazer aos numerosos freqüentadores da mais antiga praça da cidade, onde se concentra diariamente a confraria da “Boca Maldita”.
Como pioneiro de Umuarama, onde chegou nos idos de 1960 quando ainda era criança, Moacir Silva nutre especial carinho por esse espaço criado antes mesmo da fundação da cidade, em 1955, época em que ali funcionou a primeira estação rodoviária, terminal onde desembarcaram os primeiros moradores que vieram para colonizar este território num tempo em que era totalmente coberto de florestas.
Segundo o prefeito confidenciou, a Praça Arthur Thomas necessita de uma completa revitalização, adequando-se à atual realidade urbana e reconquistando os antigos freqüentadores. Para tanto, ele deverá decidir nos próximos dias se a obra será executada ainda neste semestre, bem como encomendar à Secretaria de Obras e Urbanismo da Prefeitura um projeto que rejuvenesça aquela área, com infra estrutura e outros equipamentos com essa finalidade.
A idéia merece congratulações e incentivos da comunidade, especialmente dos comerciantes e da legião de habitués daquela região, bem como por se tratar de uma praça situada na Avenida Paraná, a artéria mais movimentada de Umuarama, por onde passam milhares de pessoas diariamente. Além disso, remodelar a Arthur Thomas será conferir à população e aos visitantes um cartão-postal motivo de orgulho e admiração.
Se é consentida a licença de sugerir, a Coluna ITALO se permite acrescentar que esse projeto deveria incluir a instalação de quiosques para cafeteria, venda de jornais e revistas e floricultura, além de cabines com assentos para engraxar sapatos. Seriam atrativos a mais para gerar movimentação maior de visitantes, especialmente nos fins de semana em que o comércio está fechado. Outro motivo que faz com que as pessoas evitem aquela praça, é o exagero de escadarias que, no caso de idosos, torna-se um problema sério. Os técnicos certamente encontrarão uma forma de suavizar o desnível do terreno para viabilizar essa mudança. (ITALO FÁBIO CASCIOLA)

Da efervescência do passado
à invisibilidade do presente
A Praça Arthur Thomas desde os primórdios de Umuarama é um lugar importante, seja de convivência dos antigos pioneiros; o marco inicial como pólo comercial da urbe; palco de saudosas manifestações políticas, religiosas, artísticas e, principalmente, um jardim de diversão para as crianças do passado. Nesse espaço, o território da “Pedra”, foram fechados grandes negócios de terras e café pelos antigos “picaretas” na era do ouro verde. Com seus mais de 1.700 metros quadrados e 42 metros de diâmetro, aquele largo público faz parte da História da comunidade.
No começo, antes da fundação de Umuarama, era feiosa, de chão batido, poeirenta ao sol e barrenta sob as chuvas. Ali funcionava a parada das “jardineiras”, aqueles ônibus desajeitados parecendo gaiolas mal acabadas, trazendo as famílias pioneiras. Depois virou definitivamente uma praça, toda calçada, em 1962. Ganhou seringueiras, que depois viraram verdadeiras gigantes verdes. Décadas após, foram derrubadas a machadadas.
Na Arthur Thomas já teve de tudo: namoros que viraram casamentos, bandas tocando retretas aos domingos, pastores evangélicos anunciando os fins dos tempos, políticos fazendo promessas que nunca cumpriram. Aconteceram brigas feias e até tiros. Foi aconchego de velhinhos aposentados, de corre-corre da garotada, até mesmo pista de carrinhos de rolimã foi.
Ali os mascates vendiam roupas que encolhiam ao preço de sedas finas, os “homens da cobra” propagandeavam remédios milagrosos, palhaços (de verdade, com nariz vermelho e tudo mais) divertindo os transeuntes. Nas noites de lua, haviam serenatas com violeiros caipiras, seresteiros boêmios e até os cabeludos da Jovem Guarda fazendo rock. Belas lembranças dos tempos em que todos saíam às ruas, seguras e tranqüilas, para conversar, falar de cultura e festas. Belas tardes de sábados e domingos, das meninas bonitas usando minissaias curtíssimas e dos marmanjos em pose de galãs com seus topetes.
A Arthur Thomas com seus antigos taxistas, com seus jipões à espera de corridas pelas estradas afora levando a bordo investidores vindos de São Paulo e Londrina para comprar terras e safras de café. Foi ponto dos vendedores de bilhetes de loteria. “Hoje deu cobra, mas amanhã vai dar viado, eu hein?!”, gritavam para atrair os que confiavam na sorte para enriquecer.
Naquelas escadarias subiam e desciam os vendedores de algodão doce, de tapete, redes e outros badulaques. Naquela velha praça nas manhãs e nos fins de tardes quentes, milhares de andorinhas davam o maior espetáculo da terra com suas revoadas de cobrir o céu. O povo ficava encantado, os donos de carros prometiam envenená-las pois “enfeitavam de branco” os seus veículos recém-lustrados. Uns, mais irados, ensopavam sacos de estopa com óleo diesel para soltar aquela fumaça fedida e espantar as aves...
Mesmo depois que construíram a Praça Santos Dumont, mais vistosa, moderna e espaçosa, a velha pracinha não perdeu totalmente a sua efervescência. Isso só ocorreu dos anos 1990 para cá: sem nenhum carinho estético, foi definhando mal-tratada pelas administrações municipais, que nunca a cuidaram. Acabou virando um espectro no coração da urbe, desprezada. Só os mais tradicionais guardam ternura por ela, principalmente aqueles que vão ali sonhar acordados de saudade com os velhos tempos que não voltam mais.
À noite, vítima de vandalismo daqueles que odeiam a cidade, ela causa medo e cai em completo silêncio mortal. O busto do colonizador inglês que dá nome ao logradouro, permanece lá inerte, solitário e sinistro. Até mesmo os pássaros não fazem mais dos galhos de suas árvores morada noturna.
A topofilia pela antiga praça desapareceu, o afeto exauriu-se. Para muitos, ela é invisível à luz do dia. De ícone de outrora, hoje padece no esquecimento. É preciso resgatar esse sentimento perdido, reintegrando-a à identidade urbana e preservando seu precioso valor iconográfico. Não é porque vivemos no presente, que temos o direito de apagar e desrespeitar o passado. É preciso lembrar que ela é o Marco Zero de Umuarama! E ponto! (ITALO FÁBIO CASCIOLA)
 Via Ilustrado

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